segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Hotel da ASUFEMG, Cabo Frio
Haiku turístico em Houston


Foi só voltar de viagem que o meu ritmo de postagem no blog voltou a níveis vergonhosos. Estamos em Cabo Frio para passar o fim de semana com os pais da Ceci, e aproveito a madrugada para postar sobre o meu último dia nos EUA, a mais de um mês atrás.

A Continental Airlines tem o seu centro de operações em Houston, então quase todos os seus vôos internacionais passam ou terminam por lá. Na ida, como já descrevi, fiquei algumas horas fazendo turismo involuntário pelos terminais do aeroporto 'intercontinental' (uma descrição que também seria apropriada a um aeroclube em Istambul; mas divago), a procura de um lugar em um vôo para Chicago, após ter estupidamente perdido a minha conexão original. Na volta, cheguei em Houston sem contratempos para uma parada de 6 horas até o horário do vôo para o Rio. Originalmente, eu pretendia apreveitar para conhecer o centro espacial (para onde os astronautas anunciaram que tinham 'um problema'); mas tanto o centro quanto o aeroporto ficam longe da cidade, em direções diametralmente opostas, e não havia qualquer tipo de transporte direto. Transporte público, alias, é algo por cuja falta a cidade é notória (pelo menos entre meus amigos em Chicago). O plano B era uma breve caminhada pelo centro da cidade, a procura de algo interessante para ver ou fazer. Mas para isso eu precisava chegar lá.

As moças na central de informações não foram muito encorajadoras. Eu poderia pegar um onibus expresso, por US$ 15 pela ida e outros tantos pela volta, ou um taxi. Sei que os americanos gostam de carros, e texanos, pelo menos por reputação, gostam mais ainda. Mas me pareceu improvável que as faxineiras, carregadores e demais funcionários na base da cadeia alimentar profissional dirigissem todos os dias em comboio para o trabalho. Fui me informar então (sem intenções irônicas) com o cara que organizava o embarque de passageiros no tal ônibus expresso. Claro que há transporte público! - me disse ele - Atravesse a rua (na saída do terminal C), se junte ao grupo de senhoras hispânicas tagalerantes, e pegue o 102 até o centro. Demora um pouco mais, mas só custa US$ 1.25.

O onibus de fato vai percolando preguiçosamente pelos subúrbios da cidade (eu era aparentemente o único passageiro de algum vôo no onibus), até finalmente resolver encarar a tarefa de chegar ao centro com seriedade, e pegar a avenida multipistas. Passamos por shoppings que consistiam em arquipelagos de lojas e restaurantes em meio a um mar de estacionamentos e ruas de acesso; lugares onde o próprio conceito de pedestre parecia um tanto incongruente. As habitações variavam entre condomínios arborizados, agradáveis mas um tanto artificiais, e conjuntos habitacionais desagradáveis e artificiais.

Houston é uma cidade plana, feita para carros, com um centro um tanto abrupto de arranha céus e ruas cartesianas. Onde nada abre aos domingos. Fiquei andando meio a esmo pelas ruas quase desertas, a procura do que fazer. Após uma hora, comecei a tomar conciência de que ouvia uma música meio latina, vinda sabia-se lá de onde. Seguindo meu ouvido, trombei com um animado festival de cultura cubana e porto-riquenha. Acabei almoçando um reforçado PF portoriquenho, delicioso. A música era ao vivo, cubana, e bastante agradável. Passei algum tempo olhando os carros esporte em exibição, apreciando a música deitado na grama, e ouvindo um senhor cubano contar como ele passou dois dias a deriva no mar
(juntamente com mais 40 outras pessoas) até conseguirem consertar, de forma McGuyveriana, o motor do barco, e chegarem até a Florida.

Voltei para o aeroporto no velho e bom 102 (tem um ponto na esquina de Travis com Jefferson). Cheguei ao aeroporto com uma antecedência decente, não me atrasei ou tive quaisquer contratempos, e embarquei de volta para o Brasil.

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